Beto Preto defende maior investimento para manter o SUS

O ex-secretário estadual de Saúde, Beto Preto, considera que o Brasil vai precisar aumentar os gastos com a saúde para manter a qualidade do Sistema Único de Saúde. Baseado no estudo do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS), no documento Agenda Mais SUS, Beto Preto afirma que houve um crescimento significativo da demanda de atendimento, com a redução de famílias com planos de saúde. Atualmente 72% da população usa o SUS.

Segundo estudo do IEPS, para cobrir as necessidades totais de financiamento do SUS, o gasto público em saúde deve alcançar valores equivalentes a pelo menos 4,7% do Produto Interno Bruto (PIB) até 2030. Atualmente o governo federal gasta apenas 3,96% do PIB com Saúde, sendo que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda a aplicação e 6% do PIB.

As informações estão no documento Agenda Mais SUS, divulgado na segunda-feira, 4, com o objetivo de fornecer subsídios para as políticas de candidatos à Presidência da República.

Para Beto Preto, os investimentos em saúde estão caindo e vem enfrentando um desmonte ao longo do tempo, por parte do ente federal. “Como secretário, busquei otimizar os recursos. Foi possível fazer melhorias com uma gestão profissional dos recursos, as inovações científicas e uma visão humanizada da medicina”. No entanto ele entende que é preciso aportar recursos para manter os avanços que o SUS teve ao longo de sua existência.

Atualmente, o porcentual de gastos do governo brasileiro com a saúde da população é um dos mais baixos do mundo, segundo os analistas. De acordo com os números da última pesquisa Conta-Satélite de Saúde, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgada em abril deste ano, esse porcentual só é maior que o do México, cuja administração investe apenas 2,7% de seu PIB em saúde. Isso denota um sistema de saúde “cronicamente subfinanciado”.

“É preciso gastar mais e melhor em saúde pública, tanto pela natureza progressiva e pelo alto retorno social que decorre de políticas como a Estratégia de Saúde da Família, como pelo crescimento de demandas associadas ao envelhecimento populacional e às variações nos custos médico-hospitalares”, sustenta a análise do IEPS

O Brasil é signatário de um pacto firmado junto à Organização Panamericana de Saúde (OPAS), segundo o qual todos os países da região devem alcançar um investimento público em saúde equivalente a 6% do PIB até 2027. Segundo o acordo, o aumento deve ser de aproximadamente 1% a cada quatro anos – o ciclo eleitoral. O próximo governo, portanto, deve elevar o gasto público em saúde dos atuais 3,96% para praticamente 5% até 2026.

Da Assessoria, com Estadão.