O ex-secretário da Saúde, Beto Preto, alertou nesta sexta-feira (19/8) do risco das clínicas de diálise no Brasil, conveniadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), fecharem às portas. “Há uma crise financeira no setor e várias correm o risco de encerrar as operações , afetando o tratamento de até 140 mil brasileiros”, afirmou Beto.
O candidato a deputado federal pelo PSD fez o alerta baseado em dados da Sociedade Brasileira de Nefrologia. Segundo a entidade, nos últimos nove anos, ocorreram apenas nove reajustes para o serviço de hemodiálise, totalizando 107,5%, enquanto no mesmo período, o salário mínimo foi reajustado em 601,47% a e inflação acumulada foi de 309,38%. “Não bastasse essa questão os valores dos insumos necessários para a realização das sessões de hemodiálise sofreram um aumento muito além dos índices de reajuste, situação que se agravou durante a pandemia de Covid-19, quando algum destes custos chegaram a aumentar em proporção 5 vezes maior do que o valor do IPCA”.
Para o ex-secretário estadual da Saúde, a questão tem que ser solucionada com urgência sob responsabilidade do governo federal. “Um paciente com doença renal crônica em programa de diálise não vive mais do que alguns dias sem o tratamento. A Saúde é um assunto de Segurança Nacional, o ente federal precisa agir, achar solução em curto espaço de tempo devido à gravidade do quadro atual”, afirma.
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) também cobra do governo federal uma solução, e afirma em nota sua preocupação com a pressão que os gestores estaduais e municipais de saúde vêm enfrentando por uma coparticipação do financiamento dos procedimentos de hemodiálise. “Entendemos que o financiamento dessa importante estratégia na saúde pública, compreendida enquanto direito universal é de competência do Ministério da Saúde, premissa que já vem ocorrendo há aproximadamente 20 anos.”
Ainda de acordo com o Conass, a revisão dos valores da tabela SUS praticado pelo ente federal deve se priorizada na discussão do âmbito tripartite, atendendo aos aspectos e as características na oferta desse tipo de serviço.
A hemodiálise é a modalidade mais utilizada ( 92,5% dos pacientes) no tratamento da falência dos rins no Brasil atende hoje cerca de 150 mil pacientes que devem realizar três sessões semanais com duração de 4 horas cada. Destes 150 mil pacientes, mais de 80% realizam a hemodiálise por meio do SUS.