Um levantamento da Confederação Nacional de Saúde em mais de cem hospitais, clínicas e empresas de homecare, que atuam em 13 estados e no Distrito Federal, constatou a falta de diversos medicamentos e insumos. Além de antibióticos, faltam itens indispensáveis ao Sistema Único de Saúde (SUS) e listados na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) 2022, como o antibiótico amoxicilina, e dipirona, utilizada no combate a dores e febre. Tanto o Ministério da Saúde quanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já admitem risco de desabastecimento de medicamentos no mercado.
Cerca de 95% dos insumos para produzir medicamentos , incluindo o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), o chamado insumo fundamental, vêm da China e da Índia. Entre os principais motivos para a escassez, estão: a alta do dólar e do barril de petróleo, cujos derivados são usados para produzir embalagens, e o aumento pela demanda por medicamentos como antibióticos durante o inverno. Além disso, a inflação também eleva o custo da cadeia de transportes.
Para o ex-secretário estadual da Saúde, Beto Preto, é preciso fortalecer o complexo industrial e o parque fabril no Brasil. “Além de regular preço, temos que enfrentar essa questão do desabastecimento com a reorganização da indústria farmacêutica nacional, para acabar com essa dependência da importação e também produzir o IFA aqui no Brasil”.
Beto Preto destaca que os riscos da escassez são inúmeros. “Muita vezes, quando falta um medicamento, o médico usa um mais potente e mais caro, aumentando o risco de efeitos adversos e complicações para o paciente.”, pontua.
Na tentativa de contornar a situação, o Ministério da Saúde aprovou a suspensão do teto de preços até o final de 2022 para alguns medicamentos em falta. A decisão foi aprovada em reunião do conselho de ministros da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) no início de maio.